Xepa Cerebral

30 janeiro 2009

Psique


Não existe personalidade 100% pura.

Com isso, não quero dizer que as pessoas e suas mentes são corruptíveis, não é nesse sentido que aplico a afirmação. Aliás, é isso sim. Mas não somente para coisas ilícitas, que é a primeira coisa que se pensa quando falamos de corrupção. Corrupção no intuito de romper com o ideal anterior para um outro, externo.

Talvez essa não seja o melhor termo, mas seguimos adiante.

Explico então: nascemos com nossos instintos. Instinto é algo já bem explicado pela ciência e não entrarei nesse mérito. Tudo que vem depois é uma espécie de corrupção de nossa mente, seja para agregar, seja para mudar um conhecimento prévio. Separe essa parte e vamos à outra explicação.

Somos influenciáveis. Extremamente.

Passamos a vida inteira sendo bombardeados por informações e as assimilamos inconscientemente. Isso tudo vai para nosso cérebro, que armazena tudo que se passa ao nosso redor.

No cérebro, local que temos a personalidade pura, o instinto, mistura-se todas as experiências que passamos, seja de forma ativa, seja passiva.

Essas experiências são as nossas influências. E a maior parte das nossas influências, as que formam nosso caráter e atitudes, nos passa despercebida.

Quando um artista é perguntado quais as principais inspirações dele, irá responder provavelmente vários outros artistas, mas muito poucos prestam atenção nas coisas pequenas que acontecem em volta e moldam seus atributos. Para o consciente, isso não é perceptível, mas para o inconsciente é uma lição.

Partindo disso, vi como sou influenciável, corruptível.

Faça um exercício. Pense no que você é hoje, o que faz e como. Do que gosta, as músicas que ouve, os filmes que assiste.

Agora, faça a mesma coisa, mas para o você de 5 anos atrás. Ouve as mesmas músicas? Vê os mesmos tipos de filme? Trabalha da mesma forma? Sente as mesmas sensações de antes?

Não podemos esquecer também das influências pontuais. Uma música que ouvimos e nos faz sentir de forma diferente.

Um exemplo meu seria a banda Morphine. Toda vez que a ouço, sinto vontade de ficar a meialuz (ortografia nova!), tomando uma taça de vinho e filosofando. Muitas vezes me dá vontade de escrever.

Aí comecei a pensar no meu estilo. Gosto muito da obscuridão de Mark Sandman, o poeta e compositor de Morphine. São poemas/letras normalmente de amor, em todas suas vertentes, incluindo aí o lado negro dele.

Sou um fã de Lennon. Um artista completo, na minha visão. Seus traços simples na pintura, suas canções faceis e ao mesmo tempo complexas são coisas que me intrigam e apaixonam.

As cores de um quadro de Warhol. As atuações de um Pacino, as uvas de um vinho do porto.

A vontade de vestir uma bermuda, ir à praia e tomar uma cerveja long neck pelo gargalo ao ouvir ska.

Todas essas coisas formam nossa personalidade. E novas experiências do cotidiano vão entrando e mudando-nos sempre, reciclando-nos.

A personalidade é 100% pura, pois é ela que se faz, escolhendo o que é bom e o que não é.

10 janeiro 2009

Sentimental


É curioso como certas ações e/ou atitudes faz com que reflitamos mais profundamente o que e como somos. Muitas vezes em coisas banais do cotidiano, outras em uma situação provocada mesmo.

Ao assistir um filme há pouco deparei-me com uma intrigante pergunta: Serei eu sentimental?

Pergunta estranha, sei disso.

Quem me olha de fora vê uma casca pouco emotiva, contida. Alguns chamam de força, outros de frieza, outros de desalmado. Mas, por dentro, sou realmente emotivo. Sinto os sentimentos, licença poética para a redundância e aliteração.

Mas, por não extravasar do interno para o físico, fico rotulado como "pedra".

Hoje, pude quebrar essa denominação. Por mais que tentasse, não conseguia me conter. Uma coisa besta, até esperada, mas que me causou uma reação além do normal.

Sou humano, no final das contas.